domingo, 5 de setembro de 2010

Radiolas no MA

As radiolas são equipamentos de som com uma aparelhagem “suigeneris”, exclusivamente utilizada para reproduzir o reggae. Trata-se de um fenômeno musical de São Luís do Maranhão, a “Jamaica brasileira”, onde o ritmo predominante é o reggae até no carnaval.

A multidão esprimi-se entre os paredões de caixas. A galera curte numa boa. O ritmo característico, as letras em inglês “crioulo” e alguns fãs mais empolgados, vestidos à caráter, asseguram o inconfundível clima jamaicano que cunha esses eventos. A “parede de caixas” coloridas, exibem os mais diversos tipos de falantes e cornetas, além da profusão de tweeters: eram duas grandes e três pequenas.

Cada parede grande contém 32 falantes de 15”, 8 falantes de 12”, 32 tweeters ST203, 8 cornetas HC23-25, 2 cornetas HC56-25 e 2 cornetas H20, totalizando 12 drivers D250 só nessa parede maior. Cada parede pequena tem 16 falantes de 15”, 4 falantes de 12”, 8 cornetas HL14-25, 4 tweeters ST302. Somando tudo, temos 112 falantes de 15”, 28 falantes de 12”, 48 drivers e 88 tweeters!

Quanto aos equipamentos, há de tudo um pouco, dos domiciliares aos profissionais conhecidos, passando por marcas e modelos “extintos” há um bom tempo, além dos efeitos artesanalmente. São amplificadores, delays, pré-amplificadores, mixers, receivers, tape-decks de rolo e cassetes, receptores de TV e equalizadores gráficos. Os equipamentos são montados em estantes, normalmente divididas em 3 módulos, e nunca nos racks utilizados nos sistemas de P.A., o que lembra uma superinstalação caseira. Dois fatos são significativos: a inexistência de mesas de mixagem (os mixadores simples são os preferidos) e a utilização dos equalizadores gráficos na função de crossover.

Nem todos os equipamentos instalados na estante estão necessariamente interligados ao sistema. Assim, o crossover eletrônico pode estar lá desempenhando um papel meramente visual. Há, seguramente, uma preocupação com a quantidade, um dos aspectos valorizados pelo público.

Cada radiola tem seu público, que a acompanha onde quer que vá, lembrando uma torcida organizada, felizmente pacífica. Antes freqüentadas apenas pelas pessoas mais modestas, hoje todas as classes sociais aderiram ao som das radiolas e mais de uma vez escutei conversas a respeito da presença freqüente de “barões” do reggae. Na portaria, um severo esquema de revista impede a entrada de pessoas armadas ou portando objetos que possam construir ameaça. O clima é tranqüilo, de pura diversão, e as pessoas presentes querem mesmo é curtir o reggae. Caso haja algum incidente, os seguranças contratados parecem aptos a dar conta do recado. Para garantir paz ao local ocorrem ainda revistas periódicas de numerosa tropa da PM, com metralhadoras exibidas ostensivamente (que dá um certo toque de exagero).

"ESTIMA-SE EM MAIS DE MIL O NÚMERO DE RADIOLAS ESPALHADAS NO MARANHÃO"

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